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Avalanche

Uma avalanche,  Que você dela corre, Para não ser engolido, Você a acompanha, Mantendo-se atento, E com cautela, Se esquiva e se emaranha. Quando chega o fim do dia,  Você respira fundo, E analisa o que sobrou, Às vezes não sobra nada, Apenas escombros, Algumas risadas, E a vontade de desistir, Para não deixar de sorrir. Mas o desejo de superar, Faz com que nos acostumemos, Que sintamos falta, Nos identifiquemos. Muita coisa se traz, Outras são deixadas para trás, Sobram muitos destroços, E quando sobrevivemos,  Queremos ver o que será, Onde tudo isso nos levará.  No dia seguinte,  Na hora marcada, Em cada desafio, Um sabor diferente, Que não queremos degustar, Que não há como se livrar, E que nos acostumados, Com cada um dos seus sabores. Enquanto tivermos pernas para correr, Enquanto tivermos forças para enfrentar,  Enfrentaremos. Mas é difícil,  E doloroso, É calejante, Que até prazer nos dá. Amanhã é um outro dia... Vamos ver se a avalanche mos engolirá, Ou nos deixará respirar.

Onde o rio passar

Eu quero estar onde o rio passar, Para que suas águas por completo me lave, Que me leve. E carregue consigo a tristeza e a dor, Trazendo a cura para a alma que chora. Que o mover das suas águas me sacuda por dentro, E acorde meu espírito que dorme. Sacie minha sede, Faça-me forte para enfrentar a batalha. Eu quero estar onde o rio passar, Para me assentar em suas margens e o contemplar. E olhar bem ao fundo, Para encontrar o mais profundos dos sentimentos de dor, E como uma pedra envolvida em seu leito, Arrancá-la de dentro do meu coração. Eu quero estar onde o rio passar, E assim caminhar ao encontro da fonte. Onde brotam as águas que lavam essa alma abatida. Que me acalme por dentro, Pois onde passa o rio não há sequidão, Tudo se transforma e vive, Nada perece. E mergulhar... Deixar-me levar pela força da água, E por onde o rio passar contemplar suas obras. Descobrir seu percurso, Na busca de um novo caminho para seguir, E viver. 25/07/06

Água

Sempre houve amor,  Muitos deles mal compreendidos, Sempre intensos e solitários. Os que foram demonstrados, Nem sempre foram acolhidos, Quase sempre sem serem retribuídos. Talvez tudo seja uma invenção,  Uma distração momentânea, Na tentativa de dar sentido à vida, Que nem sempre bela é. Pois o amor empresta alegria, E ajuda a enfrentar o que o dia tem para ser enfrentado. Preenche o vazio que insiste em se apossar dos corações distraídos. É berço, colo afável que conforta e tranquiliza. Mas que agoniza a alma solitária de maneira eficaz. Eu que sempre amei, Hoje me encontro distante, Não percebo sua presença me tirando a calma. É algo que assusta, Faz-me temer não mais vivenciar suas dores e alegrias, E vagar pela vida de maneira pacífica e sem emoções. Pois o incolor, inodoro e o insípido, São características que somente a água deve carregar, Dentro dos nossos corações precisamos de sabor, Cheiros apaixonados de amor, Com as mais diversas cores para alegrar, Dar sentido. Que nos aba

Aurora

Eu que não acordo cedo,  Gosto das cores que antecedem ao amanhecer, Que anunciam a aurora, A hora de descansar.  Sigo no bosque das flores amareladas, Sob o céu alaranjado que anuncia o Sol que irá nascer. Na mistura das cores do alvorecer, A escuridão dissipada afasta tristeza, Espanta objetos de medo, Reaviva esperanças. O dia dispondo, Tudo vai tomando forma, Revelam-se detalhes obstruídos, Despertando curiosidades da vida. Eu que nem sempre conto mentiras, Faço das minhas histórias verdade. Acrescento ação e emoção, Para dar o equilíbrio necessário.  E o sentido em tudo, Aquilo que nem interessante é. Mas precisa ser reconhecido, Pois outrora não fora notado,  Permaneceu escondido. Na presença da luz, Revelada será, Toda alegria de outrora, O sorriso encoberto, E os encantos da vida.  

Agora

Meu coração era seu, Agora tudo parece um palco vazio à espera de um novo show. Olho de longe, Enxergo o necessário para focar no percurso que devo traçar. Perambulo por ruas cheias de pessoas vazias, De corações desesperados, Alegrias que não são contempladas pela luz que alimenta o dia. Gentilmente sorrio para a vida, Agradeço pela experiência de cada suspiro gerado, Mesmo aqueles sustentados pela dor. Encontro muros ao meu redor... Definitivamente em muitos momentos perdi. Me perdi em meio à possíveis encontros que não consegui perceber, Metas que não soube estabelecer. Continuo o jogo tentando manter o mesmo entusiasmo. Eu sempre persisto. Deixo a chuva me atingir. Mas me escondo do Sol forte de maneira eficaz. Toco o vento com a face. Tento perceber um toque suave me acariciar. Deixo lágrimas brotarem. Deixo as lágrimas serem recolhidas. Recupero o fôlego e aqueço minha voz. Talvez nunca mais me sentirei o mesmo, Da mesma forma que outrora fui. O acúmulo g

Dom

Quem foi que disse que seria tudo fácil? Parece até que o melhor é juntar tudo. É misturar. Jogar para cima e agarrar o que puder. Depois reunir o que sobrou. Tentar fazer tudo de novo e colar o que rasgou. E costurar e remendar. Mesmo que falte algum pedaço. E se sobrar alguma coisa. Estarão todos em pleno acordo. Eu discordo! Lanço idéias pelo ar. Visualizo um ideial. Para assim o texto elaborar. Vejo e analiso reações. As emoções. Tento me inspirar. Nem tudo é realmente o que se espera. Isso gera desconversas. Que rende fatos e boatos. Irrelevâncias. Pois viver por muitas vezes é acumular a falta que se faz. De pedaços que nos restam. E de sobras que não se quer. São nossos ossos desgastando. E até parece que facil é. Primeiro sofre e depois faz. E avalia os resultados. Alguns acham que é de velório. Outros pensam nas sobras de amor. Mal sabem eles. Que tudo é apenas uma idéia sem um ideal. Com algo inconsciente aflorado. Nem um pouco ajuizado. Eu,

Poema

Escrevo sobre as coisas que deixo de falar. Falo sobre aquilo que não encontro palavras para expressar. Eu invento. Mas não minto. Exagero. Eu não finjo. Mas autêntico não sou. Copio frases e as troco de lugar para tentar representar. Que as palavras que foram citadas eram minhas. Mas sempre foram cópias modificadas. Palavras que já foram ditas... As reescrevo e alterno sua ordem. Para causar desordem, E a impressão que tudo é algo novo e criativo. Que é algo que nunca foi dito. E dessa forma me repito. E me canso. Sempre releio tudo o que digo em palavras reescritas. Tentando encontrar algo inovador. Mas vejo pleonasmos disfarçados em rotineiras poesias. Que nem poéticas são. Pois não sei ao menos qual é sua verdadeira definição. Entre o que é poesia ou não. Nesta hora eu disfarço. E falo que foi um simples texto meu. Algo que me inspirou a escrever. Mas na verdade tudo estava guardado. Aguardando a hora de aparecer. E ser envolvido por palavras que tento c

Voarei

Um dia voarei... E deixarei o que sobrou do amor no chão que jamais tocarei. Chegarei e entrarei na casa que deixei  trancada, Arrombarei suas portas, Escancararei as janelas, E assim me abrigarei. E me esconderei de todo perigo que amedrontou. Da dor que o amor causou, Eu deixarei para trás. Esquecerei. Encontrarei o descanso esperado. Deixarei o coração de lado para me afastar da saudade que sinto. Ficarei olhando dia após dia as feridas fecharem, Até que não reste mais nada, Apenas cicatrizes. De tudo que restou, Fique apenas a sobra que não consigo me livrar. Sem espaço para o rancor que me fez desacreditar. Voarei em busca de um porto seguro, Onde eu me segure e não me traia. Em um lugar onde meus instintos se desconectem de todo desejo de ser. De estar naquele distante lugar onde apoiava meus pés. Que seja novamente aquecido meu coração. Tomando o devido cuidado. Dessa vez redobrada e atenta seja minha atenção desatenta. Que desorientou e apagou o brilho