Chão
Os sentimentos que me envolvem me empurram, me lançam num desfiladeiro. Minhas asas feridas batem com força, mas não alcançam a graça de me sustentar. O voo é raso, a queda, livre, e o impacto, profundo. De nada adianta gritar; não há quem possa me escutar. O vento que me golpeia a face não refresca, apenas me lembra do fundo que se encontra tão próximo, onde ao chão meu corpo colidirá. Não sei o que verei no impacto. Se restarão apenas destroços, algo que valha a pena juntar, para colar e tentar fazer algo novo. Se do antigo já não restava nada, o que pode nascer das sobras formadas? No fim, a queda é tão pequena, o chão, tão próximo, me aproxima apenas do que era meu destino, onde todos um dia poderão chegar. Não sei se você já caiu, se sentiu o chão tão perto, ou se também se pergunta: o que pode nascer das sobras? E se forem sementes, esperando o momento certo para germinar? E se forem apenas sobras... e mais nada? Pois o amor está tão longe. ...