Tem coisas que me agradam, Algumas coisas me chateiam. Na maioria das vezes, me sinto satisfeito. Hoje não foi diferente. Foi igual ao convencional. Eu me alegrei, Mas o cotidiano me insatisfez. Já estava preparado, Mas o esperado, muitas vezes, surpreende. Encontro-me um tanto saudoso, Receoso em percorrer velhos caminhos. Tenho reescrito histórias, Tentando transformar em memórias Histórias que cabem em um livro, Que, possivelmente, ninguém lerá. Mas guardarei junto ao peito, Porque eu tenho respeito Por tudo aquilo que já me acompanhou. Tem o peso da culpa, Tem a dor da saudade, Tem até os acasos da vida, Que me feriram e me fortaleceram, E me transformaram em tudo o que sou. O que sou eu agora? Sou vivência? Sou história? Ou sou uma soma de erros, Onde nem todos foram meus? Mas eu absorvi. E compreendi que esse peso é culpa Que nem deveria ser minha, Mas carrego lá no fundo, No inconsciente. Que, embora vago, Vaga dentro do meu coração.
Então eu me perdi... Quis me encontrar em você, Fui me distanciando de mim. Eu me distraí, Ao me atentar a você, Acabei me esquecendo de mim. Hoje vago desatento, Não me olho por dentro, Não percebo o perigo. E me distancio aos poucos, Da juventude que me envolvia, Dos sonhos que me guiavam, Das coisas que me davam alegria. Já não bato à porta, Não procuro por novas emoções, Sigo com a pouca esperança, Em chegar ao final de cada dia, Me esquivando da tristeza, Mantendo a mente um tanto sadia. E ao me deitar para dormir, Espero pelo sono que alivia, E me transporta para lugares secretos, Que somente os sonhos podem me levar.
É constante... Sentimos um certo desconforto, Um aperto no peito, Como se fosse uma saudade, Falta daquilo que não conhecemos, Que ainda não vivemos, Mas reconhecemos o cheiro... Mas que se encontra tão longe, Uma distância que incomoda, Mas também alivia, Pois não é concreto, Não é desejo, Nem é verdade. Essa inconstância, Que parece incerteza, Levanta muitas questões. Faz com que reflitamos sobre quem somos, Sobre os passos que andamos, Os caminhos que percorremos, Os destinos que alcançamos. Pois chegar nunca é descanso. Chegar é apenas uma parada, Para que tracemos um novo plano. Pois a rota é rota, E quando chegamos, percebemos: deveríamos estar em outro lugar. Ou que talvez nem haja esse novo lugar.
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