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Mostrando postagens de outubro, 2025

Boa noite

Boa noite... É tão bom ser lembrado, visitado, recebido — ainda que em sonhos... Ou melhor, ainda mais em sonhos. Isso significa que estou no subconsciente, naquele lugar onde se guardam as melhores memórias... ou as piores. Ou seja, aquelas que realmente marcaram. Estou encerrando o livro de memórias. Estava fazendo algo fantasioso, como se a vida tivesse sido um oásis, citando apenas as boas recordações. Mas, após uma análise, percebi que estava faltando veracidade. Então incluí alguns capítulos em que falo sobre as dores da infância. Cito momentos que foram muito dolorosos. Ao reler, chorei — mas também aprendi que tudo era preciso, necessário para chegar onde cheguei, da maneira que cheguei. Eu amo você. Senti-me visitado por você através dessa mensagem.

Hospital

Sonhei com você. Eu te procurava em um hospital. Sabia que você estava internado — não trabalhando. O lugar era imenso, e eu não sabia em que quarto ou seção procurar. Mas, quando me perguntei como faria para te encontrar, olhei para um homem; ele se virou — e era você. Então, te entreguei um saco com dinheiro — era para sua irmã. (No sonho, isso fazia todo sentido.) Não acho que o sonho signifique algo grandioso. Talvez signifique algo para mim, mas provavelmente não tenha nada a ver com você. Acho que meu cérebro te usou como símbolo — de algo ou alguém fácil de achar, identificável, acessível, mesmo quando tudo parece difícil. Alguém que não preciso procurar, porque já está ali, antes mesmo de ser perdido. Sonhei com você e lembrei de você — da sensação de segurança emocional que você transmite. Como uma grande casa de mãe. Espero que esteja bem. Espero que esteja escrevendo seu livro de memórias. E que não esteja sofrendo ao relembrá-las, mas sendo sincero com suas emoções. Espero ...

Vulcão

Já basta o que penso a meu respeito. Dentro de mim, meus sentimentos são densos, pois me reconheço — vejo apenas o imperfeito. Eu me incomodo com o vulcão instaurado no peito: hora desperto, hora sonolento, uma tempestade silenciosa, uma chama que não aquece — apenas queima, não adormece. E eu me perco e me encontro nela. Às vezes me desperta, alguns momentos me dispersa, faz-me vagar desatento — o que nem sempre me perturba, pois, quando não me vejo, desapareço diante de mim mesmo. 

O que sobrou

Já que, no final do dia, a corda não rompeu, faço dela meu balanço. Não me sacudo, eu avalio, vejo o que sobrou. Nada ficou inteiro. O que era metade, pouco restou. O que era destino, agora é incerteza: foi o que me acompanhou. Como recuperar esperanças depois que a espera fruto não gerou? Como arrancar um sorriso depois que o dia em lágrimas se transformou? Resta esperar a luz que ilumine o túnel dessa caminhada que ainda nao findou.

Entre Cadáveres

Não é fácil sermos quem somos, sorrir o tempo todo, ser polido e discreto, ser educado, usar o filtro, deixar as impurezas de lado e, de certa forma, agradar. Ignorar a vontade de gritar, fingir que o terremoto não abalou o solo. E que, dentre tantos novos cadáveres, dirigi às flores minha inteira atenção. A cruz disposta, a vela torta, a chama acesa me despreza por completo. Eu, que agora, me atento apenas ao choro sincero, à lágrima dispersa, à conversa alheia, que celebra apenas as boas notícias, que nunca foram ditas, e somente agora se espalham, como se a verdade chegasse sempre atrasada.