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Natal

Um Natal diverso, cheio de compreensão, tolerância e amor genuíno. Sem preconceito — apenas amor. Que seja um tempo de verdade e acolhimento: acolhimento das diferenças, das semelhanças, das concordâncias e também das discordâncias. Que entendamos que, sozinhos, não somos nada; mas, juntos, somos muitos — e assim podemos alcançar objetivos maiores e mais humanos. Que os desejos do nosso coração sejam bons, e que o próximo esteja incluído em nossos planos, que tantas vezes são limitados e segregacionistas. Que possamos mudar isso. Que sejamos união. Nossa classe precisa aprender a caminhar lado a lado, nunca separados.

Favelados

Favelados, se formos somar, talvez já estejamos no caminho de quase 20 anos de amizade e amor verdadeiro. Isso é de uma grandeza imensa. Manter, mesmo com tantas distâncias, esse respeito, essa amizade, esse carinho e esse amor é algo que eu valorizo profundamente. Tenho muitas memórias boas sobre tudo o que diz respeito a nós. Respiro nossas individualidades, nossos distanciamentos e, ao mesmo tempo, nossa conexão. O que sinto é sincero: é gratuito e cheio de amor genuíno. Mesmo que não nos vejamos com tanta frequência, frequentemente vejo vocês em minha vida, nos meus pensamentos e nos meus sentimentos de saudade. Amo cada um de uma maneira tão diferenciada e especial. Não é disputa, nem comparação. É apenas o amor que cada um deixou em meu coração e que, de vez em quando, se agita no mar das lembranças adormecidas e transborda em recordações cheias de carinho. Feliz Natal. Feliz vida. Feliz amizade. Feliz continuidade.

Chuva

¿Qué haces acá? Este é sempre, sempre, o mesmo questionamento. Eu me vejo em esquinas, sempre, sempre em novas e conhecidas esquinas. Esquinas da vida, a curva da enxurrada, onde somente se enroscam os destroços. Eu sempre me vejo içado. E não me reconheço como o tal. Mas permaneço. Mesmo sem nome, sem identidade, fico na esquina. Se não sei quem sou, sei ao menos que não fui levado pela enxurrada. Permaneço a esperar, onde esse dilúvio me empurrará. Se é que a chuva um dia irá chegar.

Golias

Ouvi um som diferente do habitual, não era cachorro, nem era gato. Talvez um gafanhoto, que as asas tentou levantar. Ou talvez uma ida ao banheiro que, no meu estridente silêncio, fez-se despertar. Na camada da noite, cada silêncio é um movimento que chama atenção, mesmo com os dedos se descoordenando pelo chão para ruído não fazer. E eu incluo o garfo, o ruído do pão torrado, e da discreta mordida que não pode deixar dentes bater. Pois seu ranger pode acordar o Golias.

Mielina

Foi uma experiência antropológica. Falar sobre pessoas, das pessoas, dos próximos, de todos os que se encontram distantes. Pois não se fala mal de quem perto está. Dos mortos, sim, fala-se… Álcool, nicotina, ayahuasca, Mariana… Bainhas de menina, pessoas amielinizadas, sem sinapse. Não se encaixa, peça solta. Onde estaríamos se não estivéssemos aqui? Se o agora é ali, pois éramos — não estamos mais. Nunca fizemos igual, mesmo depois de anos de compreensão. Se eu acredito ou não, talvez seja apenas uma invenção que se tornou repetitiva informação, e que eu ouso não compreender

Novo

Decidi que deixarei tudo para trás., Pelo menos hoje, Decidi que deixarei tudo para trás, Pelo menos hoje, Que não vejo nada à minha frente. O que ficou no passado Já nem me lembro mais, Nem insisto em tentar relembrar. Não sei o que encontrarei, Quais memórias reconstruirei. Dependendo da emoção, será tragédia, Será satisfação. Melhor não descobrir, Ficar aberto às possibilidades De construir algo novo.

Saudades à parte

Quero expressar meus sentimentos, explorar meus pensamentos, ver se há algo que valha a pena compartilhar. Vou arriscar a sorte. Não vou falar sobre a morte nem sobre a tão penosa saudade. O que é uma pena não ser citada, pois é ela que me inspira a falar sobre saudades… Saudades à parte. Vamos falar de solidão, de abandono, de tristezas que somente nós reconhecemos. Nós as escondemos, mas nem sempre disfarçamos. No mês das luzes, muitas luzes se apagam. Desertos são revelados, continentes soterrados. Pois o brilho da hipocrisia é fascista: impulsiona o cativo a acreditar que sua prisão é liberdade. E não sabemos mais o que fazer com essa verdade, sempre chamada de liberdade, mas carregada de enganação.

Melodia

Ouço o que a música quer me dizer, dizeraudível para o meu coração. Cada nota, cada estrofe e compasso, sacode meu espírito e me lan4ça a um estado que nem sempre consigo . Percebo que há em mim algo enraizado, um desejo incontrolável de transpor barreiras. E a alma, ainda aprisionada, entende, a cada instante em que a canção ressoa, que eu deveria estar em outro lugar. Que não é aqui. Talvez nem seja ali. Talvez seja no solitário entendimento do lugar ao qual eu realmente deveria pertencer.

Inesperado

Estar entre os jovens é rejuvenescer, mesmo que por alguns instantes. Receber um convite inesperado é um pouco intrigante, porém aconchegante. Os sentimentos se mesclam, numa mistura desordenada, onde o inesperado se encontra com o desejado. Se eu não me encontro, me encaixo — na medida do impossível. Aconteceu sem ser previamente combinado. Viemos. Chegamos. Nos reunimos. Embora o contexto seja algo fora de qualquer texto previamente escrito, acredito que o acaso não se monta: ele se junta e apronta o irreconhecível. O que dará isso tudo? Somente o final das contas contabilizará. Se valerá a pena? Já valeu. O resto será apenas um exemplo de como a vida surpreende nos mais simples lugares em que você decide adentrar.

Colagem

Então, você se olha no espelho. A imagem que reflete revela o caos. Tudo aquilo que o coletivo imaginou era — de fato — a mais real das realidades. Tudo o que ignorei, sem compreender que era mais que toda verdade, nua e crua — como o cardápio posto à mesa que ninguém irá saborear. É isso o que sinto agora: cheio de desprezo, cheio de demora. Algo que nem eu mesmo posso compreender.

Reconstrução

Há uma vida para a qual não podemos mais voltar. Para onde iremos, então? Ao olharmos o passado, ele é sempre redesenhado. O observamos com ternura, outras vezes com remorso. Mas o que são os nossos dias, além de reconstruções e interpretações? Onde estão os punidos e os justificados? O que fazer com as memórias — essas que nos impulsionam a continuar ou nos empurram em um abismo, tirando-nos o chão? O que fazer da consciência, essa inconsistência que nos aflige e tira a direção? Como nos nortear, se a vida é um jogo onde as cartas são dadas de maneira aleatória? O que fazer com a sorte, se ela exige habilidade para sobrevivermos sem desistir da rodada?

Transmutação

Quero que tudo se converta em fogo, em lamento, em cinzas lançadas ao vento — que ninguém ouve, nem percebe o acontecimento. Quero que a água desça ao abismo, que se transforme em lodo, e dele nasça o entendimento. Que cada lágrima, antes de ser esquecimento, purifique o sofrimento, e lave da alma o que não encontra mais sustento. Pois é assim que me sinto agora: sem outrora, num tempo suspenso sobre a dor, sem o discernimento. Esperar é mais que demora — é o limiar entre o que morre e o que floresce, é o instante em que os sentidos se reconhecem no espelho do firmamento. E no meio desse rito de apagamento, há uma centelha, um sopro de luz incandescente — é o que me resta, é o que me mantém em pé.

A curva do outro lado do mundo

Foi na curva,  do outro lado do mundo. Foi lá que eu me perdi. Foi lá que me encontrei. Foi lá que esqueci que não tenho outro lugar pra me encostar, nem pra me manter em pé. Perto de nada, longe de tudo e de todos, onde jamais poderia imaginar que me encararia — e que, distraído, descobriria em mim o começo de voltar a ser... aquilo que eu nunca fui.

Boa noite

Boa noite... É tão bom ser lembrado, visitado, recebido — ainda que em sonhos... Ou melhor, ainda mais em sonhos. Isso significa que estou no subconsciente, naquele lugar onde se guardam as melhores memórias... ou as piores. Ou seja, aquelas que realmente marcaram. Estou encerrando o livro de memórias. Estava fazendo algo fantasioso, como se a vida tivesse sido um oásis, citando apenas as boas recordações. Mas, após uma análise, percebi que estava faltando veracidade. Então incluí alguns capítulos em que falo sobre as dores da infância. Cito momentos que foram muito dolorosos. Ao reler, chorei — mas também aprendi que tudo era preciso, necessário para chegar onde cheguei, da maneira que cheguei. Eu amo você. Senti-me visitado por você através dessa mensagem.

Hospital

Sonhei com você. Eu te procurava em um hospital. Sabia que você estava internado — não trabalhando. O lugar era imenso, e eu não sabia em que quarto ou seção procurar. Mas, quando me perguntei como faria para te encontrar, olhei para um homem; ele se virou — e era você. Então, te entreguei um saco com dinheiro — era para sua irmã. (No sonho, isso fazia todo sentido.) Não acho que o sonho signifique algo grandioso. Talvez signifique algo para mim, mas provavelmente não tenha nada a ver com você. Acho que meu cérebro te usou como símbolo — de algo ou alguém fácil de achar, identificável, acessível, mesmo quando tudo parece difícil. Alguém que não preciso procurar, porque já está ali, antes mesmo de ser perdido. Sonhei com você e lembrei de você — da sensação de segurança emocional que você transmite. Como uma grande casa de mãe. Espero que esteja bem. Espero que esteja escrevendo seu livro de memórias. E que não esteja sofrendo ao relembrá-las, mas sendo sincero com suas emoções. Espero ...

Vulcão

Já basta o que penso a meu respeito. Dentro de mim, meus sentimentos são densos, pois me reconheço — vejo apenas o imperfeito. Eu me incomodo com o vulcão instaurado no peito: hora desperto, hora sonolento, uma tempestade silenciosa, uma chama que não aquece — apenas queima, não adormece. E eu me perco e me encontro nela. Às vezes me desperta, alguns momentos me dispersa, faz-me vagar desatento — o que nem sempre me perturba, pois, quando não me vejo, desapareço diante de mim mesmo. 

O que sobrou

Já que, no final do dia, a corda não rompeu, faço dela meu balanço. Não me sacudo, eu avalio, vejo o que sobrou. Nada ficou inteiro. O que era metade, pouco restou. O que era destino, agora é incerteza: foi o que me acompanhou. Como recuperar esperanças depois que a espera fruto não gerou? Como arrancar um sorriso depois que o dia em lágrimas se transformou? Resta esperar a luz que ilumine o túnel dessa caminhada que ainda nao findou.

Entre Cadáveres

Não é fácil sermos quem somos, sorrir o tempo todo, ser polido e discreto, ser educado, usar o filtro, deixar as impurezas de lado e, de certa forma, agradar. Ignorar a vontade de gritar, fingir que o terremoto não abalou o solo. E que, dentre tantos novos cadáveres, dirigi às flores minha inteira atenção. A cruz disposta, a vela torta, a chama acesa me despreza por completo. Eu, que agora, me atento apenas ao choro sincero, à lágrima dispersa, à conversa alheia, que celebra apenas as boas notícias, que nunca foram ditas, e somente agora se espalham, como se a verdade chegasse sempre atrasada.

Colagem

Tenho tanto a dizer, e não digo nem o necessário — isso, sempre, nunca basta. O que falo não contém toda a minha liberdade, nem traduz inteira minha verdade. Sinto vontade de expandir, mas meu saber é estreito, cercado por barreiras que escondem segredos — muitos deles, nem eu reconheço. E, ainda assim, essas tolas mentiras são tomadas como sérias na corrente de oportunidades que ninguém entende, mas todos chamam de realidade. Uma série de acontecimentos se repete no eco das vidas alheias, interpretada sem cuidado, aceita sem razão. Quando nada resta além da conveniência de participar do que é decidido em conjunto, faz-se disso uma verdade — um alimento raso que não sacia, mas ocupa o vazio da alma. A mente, resignada, se preenche com o que encontra. E não há como mudar enquanto não ousarmos buscar além — ou decidir que o além, afinal, não está em outro lugar, mas em nós mesmos.

Onde está o Dê agora? Já faz trinta,  Talvez menos, Possibilidade de ter sido mais. Parece que foi hoje.  Mas foi ontem.  Nem me lembro mais. Meus planos. Nem sei quais eram deles Mas foram meus... Nenhum deles foram sues. Foi tudo tão pessoa Que existiu apenas para mim. Estou indo embora,  Voltarei,  não sei.  Mas seu que,  Jamais esquecerei. E eu sei que você jamais esquecerá,  Pois vi indícios,  Das coisas que o tempo,  não poderá jamais apagar Pois eu guardo comigo,  e de dentro do me peito,  Não há como resgatar.

Gestão

Fui sequestrado. Ninguém sentiu minha falta, ninguém me procurou, muito menos me encontrou. Um sequestro silencioso que aos poucos me consome, que me lança no vazio daqueles que jamais perceberam meu passo. Já não me vejo em nenhum lugar. Tudo se apagou a ponto de eu mesmo desaparecer. E quando busco em mim algum traço, algum sinal - só encontro o eco de uma ausência que nem a mim  convence, pois até meu silencioso se esqueceu de mim.

Litoral

Eu ouço a voz do vento, cada sussurro seu me desperta. Sei que falar de saudades não é mais novidade, mas eu a sinto — mesmo distante — como o horizonte que me guiava. Nos guiava, naquela direção. Dentro de mim há você. Somos dois, éramos nós, que talvez o tempo tenha desviado. Coincidência, ou acaso, beijos na areia, erros do descaso. E eu vejo  na folha, na relva, e no ar. E me entrego àquela tola solidão, que já era passado, mas agora é ocasião, cheia de oportunidades, cheia de pretensão. E eu fiquei bem, eu estou bem. Espero que você também esteja, pois lhe quero muito bem.

Jogo

A gente tem que se encontrar, mais perdido do que me encontro, já não há como ficar. Eu permaneço, sempre naquele mesmo lugar que escolhi, e não consigo escapar. Já escalei, até buraco cavei, mas não tive chance de me esquivar. Estou aqui. não reconheço este lugar. Estou cercado, rodeado e confuso. atordoado com toda essa agitação que não aquece os meus sentidos, não refrigera a sola dos meus pés - que vivem quentes, adormecidos, cheios de calos pelos caminhos que nem foram percorridos. Pois o desejado, sem ação, permanece parado. obsoleto, envolto em desejos que nunca se concretizarão. Pois a solidão, no meio do povo, é uma longa estação que não se finda, para dar margem a outras possibilidades. E eu me cansei.